domingo, 26 de julho de 2009

default

não sei se o pessoal do projeto genoma já chegou a alguma conclusão, mas eu tenho certeza de que algumas frases vêm impressas no código genético masculino. provavelmente, no cromossomo y, que é aquele que faz dos homens, homens. durante um tempo, a frase default era: “olha, você é maravilhosa, mas eu não me apaixonei por você”. eu já estava ficando preocupada, achando que tinha alguma coisa muito grave comigo, quando percebi que não era nada pessoal: outras amigas ouviram a mesma frase, na mesma circunstância em que eu tinha ouvido – qual seja, quando um relacionamento começava a ir além de um cineminha ali e um jantarzinho acolá; ou, na minha modesta opinião, quando a coisa começa a ficar interessante. então concluí que era o jeito que os caras encontraram de dispensar a moça e fazer um agradinho ao mesmo tempo, pra ela não ficar triste. atenção, rapazes, não façam isso: só piora a situação. a gente acaba gastando saliva, tempo e dinheiro na terapia, pra tentar entender o que, afinal, aconteceu (quem, em sã consciência, não se apaixonaria por uma pessoa maravilhosa, caso topasse com uma?). no fim das contas não entendemos coisa nenhuma e aí nem dá pra comprar aquela roupinha nova (ou livro, ou cd) ou ir cortar o cabelo, porque a grana ya se fue na terapia. rejeitada e pobre, ô tristeza do jeca.
a mais recente descoberta sobre o assunto é que as frases default vão mudando. “olha, você é maravilhosa, mas eu não me apaixonei por você” datou. a frase da estação é “não discordo uma vírgula do que você disse. você é de uma incrível lucidez”. bom, não discorda, mas pelo jeito também não concorda, e tira o time de campo rapidinho. vai entender.
*
ops, que tucanagem é essa? peraí, a rapaziada está sofrendo de falta de criatividade aguda e generalizada e eu aqui, aliviando, botando a culpa na genética? ah, não vai dar, não mesmo. então, moço, por favor: pare com essa onda do fora globalizado! diga a cada mulher algo único, criado especialmente para ela, naquele momento. afinal, uma moça lúcida e maravilhosa merece. ou não?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Cuide de Você"

Tem quem diga que tudo não passou de uma farsa descaradamente arranjada, que tava combinado e que a carta de fim de namoro foi um mero ensaio literário.
Pra dizer a verdade, a mim nem interessa saber, porque o mais genial foi o que a escritora francesa, fotógrafa e artista conceitual Sophie Calle fez em seguida - e continua fazendo. Não só convidou as tais 107 mulheres a "interpretar a carta, analisá-la, comentá-la, cantá-la, esgotá-la e entendê-la em seu lugar", como montou uma exposição com tudo o que lhe trouxeram de volta (que pode ser visitada gratuitamente até setembro no Sesc Pompéia, em São Paulo) e não fosse isso tudo interessante o bastante, ainda abriu um canal no seu Blog para que qualquer um (sim, eu, você ou qualquer outro bem disposto) apareça, se expresse e responda - com textos, fotos, desenhos, o que for - à tal carta.
Agora diz aí, num é demais isso? Eu dei uma olhada, e tem todo o tipo de coisa, é verdade. Mas tem sim muitos textos bons. Nos destaques tem um, da Flavia Penido, que aproveita o ensejo e escreve pro seu próprio ex.
Muito bom. Faz a gente pensar... além de ter tudo a ver com o Cueca.
Très bien Sophie!

terça-feira, 14 de julho de 2009

trair é preciso?

Ser uma moça só não é difícil. Aliás tem muitas vantagens até. Mas tem uma hora em que a gente quer variar e resolve se abrir para o maravilhoso mundo do "começar de novo".
Ok. A partir daí você resolve dar aquela procurada sem compromisso, checando de leve como tá a área. Primeiro vai no ideal, na periferia das relações pessoais, afinal, melhor alguém que venha com um mínimo de indicação. Amigo do amigo, um primo da amiga, o ex da outra que já casou de novo... e no início é bem divertido. Você se arruma pra ir à festinha e vai: cheirosa, bonita e cheia de amor pra dar . E...
Olha, sinto dizer: em 97,6 % dos casos você volta pra casa defumada, desarrumada e com todo aquele amor guardadinho na bolsa - segundo pesquisas do Instituto Di Dário Marconato.
Impressionante... nada que preste! Tá, não quero ser injusta: Homem bom até que tem, mas ou tá reservado ou é feio demais ou tá só querendo se "divertir" - relação séria, longa, duradoura, ixi, dá coceira. Cara, que saco! Depois de uns meses tentando, começa aquela canseira. A gente apela pra sair na noite. Nossa senhora... aí esquece. Os moços não sabem fazer nada - note bem: nada mesmo - antes de pelo menos 3 cervejas ou 1 dose de whisky - e isso é especialmente irritante quando você não bebe.
Olha, como diz a minha amiga e companheira de blog, qui ixtrutura, viu?
Tá, quem sabe no trabalho? Não rola ninguém? Vixi, só se for fornecedor ou cliente... aqui só trabalha menina.
Bom, na escola de yoga, talvez? Puts, ashtanga? É duro viu! É cada um por si e os momentos de interação são tão curtos quanto raros. Não... melhor ter fé e voltar aos amigos e aos jantares de aniversário. Quem sabe uma hora rola.
Mas de repente, do nada, naquele passeio de domingo no parque com as crianças, bem no dia em que você foi desproduzida, descabelada e no modelito pijamão, aparece aquele parente distante, do sexo masculino, trazendo as suas crianças atachadas.
Daí chegamos ao meu tema da semana: o que fazer na hora em que aquele cara, esse aí mesmo, bacana, inteligente, bonito, divertido, culto, papo bom e ... compromissado até a tampa, literalmente chega junto?
Pensa bem? Pelo relato acima deu pra reparar que não tá muito fácil arrumar ômi bão... será então que esse é o destino de uma mulher sozinha que quer de novo virar mulher acompanhada? Abocanhar da outra - que tá lá, sentada no pudim, no conforto do seu relacionamento de X anos - o companheiro amado?
Tô pensando na resposta e me lembro de um filme - bem ruim por sinal - que assisti há muito tempo atrás, K-Pax, onde ouvi uma frase que valeu o programa. A certa altura da trama o protagonista diz: "Todo e qualquer ser do universo sabe discernir certo de errado". Concordo que essa frase tem um quê moralista, piegas até, mas pra tentar esclarecer, cito outra, que ouvi há mais tempo ainda de um médico obstetra, dos poucos parteiros que ainda se dão ao trabalho de esperar um bebê nascer. Dizia ele: "Conceitos de certo e errado não são tão relativos quanto as pessoas gostam de pensar. Acho que é assim: certo é aquilo que te evolui como ser humano, errado, o contrário."
Uhm... tá ficando um post muito filosófico. Melhor relaxar um pouco...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

vidão

"... o bem estar das galinhas é fundamental. elas pastam, ciscam e banham-se ao sol livremente. têm espaço, conforto, abrigo e uma rica alimentação à base de vegetais. as aves são acompanhadas por técnicos qualificados e a experiência de mais de 50 anos na produção de ovos garante a qualidade do produto."*
bicho, olha só o vidão dessas galinhas! certo, elas têm que botar ovos bacanas todos os dias, mas quem não tem responsabilidades nessa vida? de hoje em diante, vou mirar-me no exemplo delas. vou tomar sol todos os dias, me alimentar bem, viver confortavelmente. ah, e muito bem acompanhada, claro. nem precisa ter cinquenta anos de experiência, basta ser qualificado.

* texto extraído de embalagem de ovos