segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

lembra do estrelão?

se você nasceu na década de 70 e é menino, deve lembrar. pra quem não se lembra, vou explicar: estrelão era um tabuleiro de futebol de botão, que hoje em dia se chama xalingão. (acho xalingão um nome sensacional. tem muito mais cara de estádio de futebol do que brinco de ouro da princesa, por exemplo.)
nomes à parte, o fato é que quando meu amigo fez essa pergunta percebi que o tempo tá passando. certo, vejo as crianças crescendo, o prazo pra entregar aquele trabalho acabando, a hora do cinema passando... mas eu tinha a impressão de, misteriosamente, estar fora disso. faço aniversário todo ano, mas aniversário é aquele dia maravilhoso em que eu tento só fazer coisas legais e reunir os amigos (nunca pensei em aniversário como o dia em que eu fico um ano mais velha. pra mim, aniversário é um ano-novo particular, um dia festivo e cheio de esperança. é mais legal ainda que ano-novo, porque não é feriado e ninguém está de ressaca). o estrelão me fez entrar no ônibus do tempo e ir seguindo com ele.
*
ontem o dia estava conspirando mesmo pra eu me dar conta de que estou envelhecendo. pouco depois da fatídica pergunta, fui olhar meus emails. dei de cara com uma foto minha, um close de perfil que um amigo tirou no réveillon, e tudo que consegui ver foram os pés de galinha do meu olho esquerdo! (depois vi também as sardas e marcas na pele... ai...) quase levantei e fui direto pra farmácia, comprar um creme para a área dos olhos e um anti-rugas, e talvez também um clareador de manchas (nunca tive coragem de comprar essas coisas, porque tenho o hábito de ler a composição. são letrinhas miúdas com nomes compridos cheios de x, y e z. tenho medo de usar e acordar sem cara no dia seguinte). então olhei melhor: vi que meu perfil é parecido com o da minha mãe, também tem algo do meu pai, mas sou eu mesma que estou ali, sorrindo. e achei que tá bom assim. é muito melhor estar dentro do ônibus, em movimento, do que ficar parada no ponto, esperando. ainda mais em pleno domingo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

retífica são francisco

cabeçote
virabr
biela
cam
passei pela placa, muito rápido. final de dezembro, cansada às sete horas da manhã. achei que estava delirando. no dia seguinte o semáforo fechou na hora certa e anotei no caderninho:

cabeçote
virabrequim
biela
cambagem

uau. me senti em budapeste: eu até juntava as letras, conseguia ler, mas nada fazia sentido. (intuí que cabeçote, virabrequim e biela eram peças do motor. mas o que seria cambagem?)

no terceiro dia consegui ler a última linha:
recondicionamos todos os motores.
e pensei: quando tiver um tempinho é aqui que eu venho, pra me ajeitar pro ano que vem.