sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

presentes

depois de dois dias de descanso, cheios de comidas gostosas que me encheram a barriga e de encontros deliciosos que me preencheram a alma, entendo o que é um presente. é estar aqui e agora, precisamente, e perceber. também é uma lembrança, algo que escolho pensando na pessoa que vou presentear (no pacote vai uma parte de mim, que generosamente se entrega, a despeito do meu apego). esta é a melhor coisa que recebi neste natal: a descoberta de que, no fundo, o que faz o presente é a presença.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

quase

os sinais vêm aos poucos. primeiro, desencavei aquele bermudão velho e bem folgado, com bolsos grandes, cem por cento confortável, elegância zero. em seguida descobri que o melhor é calçar tênis mesmo - e, pra não ter que carregar peso extra na mochila, já vou de casa com eles. a propósito, a mochila já é parte do meu corpo. afinal, cabe tudo lá dentro, e o peso fica distribuído. o cabelo vive amarrado, senão atrapalha. mas não fico usando grampinhos fofos, porque não dá pra ser feliz com coisas cutucando o cocuruto, doze horas por dia. faço o possível com as unhas, mas tem dia que nem a escovinha limpa direito. paciência. não faz sentido gastar energia, nessa altura do campeonato, com uma unha meio sujinha. é tinta, não é nada nojento (mas isso só eu sei...). por falar em mãos, apareceram uns calos, vi essa semana. as roupas são todas velhinhas, pra bater mesmo. e lá pelas tantas me dou conta de que estou tão acostumada com esse visual que saio pra almoçar assim mesmo - de camiseta velha, bermudão largado, tênis gastos. um glamour só.
no restaurante a balança marca 555 gramas. e eu constato: virei peão.
*
no fim do dia, comento com meu chefe que o meu pratinho singelo do almoço pesava 555 gramas ("ai! virei peão!") e ele responde: "relaxa, isso aí não é nada. dá pra comer uns 750, fácil. e, além do mais, você nem saiu do restaurante palitando os dentes, saiu?"

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

as perguntas proibidas

tem perguntas que nunca se deve fazer para um homem. a menos, é claro, que a gente saiba exatamente onde quer chegar. mas, assim, à toa, jamais.
aos 7 anos de idade, a pergunta proibida era "posso jogar bola com vocês?" a resposta, invariavelmente, era não. e quando eu devolvia um "por que não?", vinha a resposta, arrasadora: "porque você é menina." quanto a isso, sorry, rapaziada, não havia nada que eu pudesse fazer. eu dava meia-volta e ia bater figurinha. ou andar no telhado. o trauma só foi resolvido aos vinte e poucos anos, na faculdade, quando descobri um treino de futebol feminino. então, dava meio-dia e era aquele bando de meninas pra jogar, e campo, bola, apito, tudo! tinha até treinador, cones e coletes coloridos - e nenhum menino pra vir dar canelada. praticamente um paraíso.
aos 15 anos, em plena adolescência, melhor não perguntar nada. hormônios confusos, a gente nunca sabia o que poderia acontecer.
aos 20, jamais se perguntava "faz uma massagem em mim?" ou a variante "posso fazer uma massagem em você?" - a não ser que se estivesse cheia de intenções com o moço. a tal massagem sempre acabava em sexo, mesmo que fosse uma inocentíssima manipulação do dedão do pé esquerdo, por causa daquela topada horrível que tinha rolado no futebol. aliás, o supracitado dedão geralmente era parte de um pé todo detonado, com a pele ressecada, a sola meio grossa e, eventualmente, um pouco de chulé (afinal, o pobre só andava de sapatilha chinesa e sandalinha de couro cru, quilômetros a fio). não importa: de alguma forma misteriosa esse pé infeliz se transfigurava em um pé incrivelmente sedutor e excitante, prelúdio de uma farra das boas. se a farra fosse realmente boa, que bom. o triste era quando a coisa acabava rolando toda errada, e depois um ficava olhando pro outro com aquela cara de nossa, como é que eu vim parar aqui?
depois dos 30... hmmm, depois dos 30 as perguntas proibidas já não são tão óbvias. perguntas inocentes podem ser letais, e perguntas aparentemente cabeludas às vezes acabam dando origem a papos ótimos. pensando bem, a vida é bem mais divertida depois dos 30.

sábado, 12 de dezembro de 2009

o amante cidão

sempre ouvi muita música. no rádio, na vitrola, ou ao vivo mesmo. lá em casa todo mundo é mais pra desafinado, mas adora cantar. e a gente mandava ver! como eu era a caçulinha, nem sempre dava conta de acompanhar o movimento dos maiores. na verdade, muitas vezes não entendia coisa nenhuma, mas ficava lá ouvindo e cantando do meu jeito. então, passei anos da minha infância achando que cajuína era composição da minha irmã, até que um dia descobri que é do caetano veloso, e cantando coisas que não faziam sentido, como dona chica ca dimiroussessê / duberrô, duberrô que o gato deu. miaaaauuuu! levou um tempo até eu descobrir que miau era o berro que o gato deu, e que fez a dona chica admirar-se. duberrô eu não fazia idéia do que fosse, nem dimiroussessê, mas, bom, todo mundo cantava assim e não era eu que ia contrariar. eu me satisfazia em entender que rolava um lance envolvendo a dona chica e um gato e que, apesar de tudo, o gato não morria no final.
mas a grande dúvida da minha infância, foi, sem dúvida, o significado de mantissidão. eu ouvia os seus botões, do roberto carlos, e cantava junto: nos lençóis macios / há mantissidão / travesseiros soltos / roupas pelo chão... mantissidão eu não sabia o que era, mas devia ser alguma coisa mansa e tranquila (mansidão eu já conhecia, era boa de vocabulário) e imaginava: lençóis limpinhos, floridos de azul claro, um ventinho entrando pela janela, tudo calmo e cheiroso... anos depois, em um ônibus entre recife e natal, enquanto uma amiga me surpreendia com seu vasto conhecimento da obra de roberto e erasmo, comentei: "sabe, levei anos pra entender que é amantes se dão." e contei pra ela a história dos lençóis limpinhos e tal. e ela: "isso não é nada. um amigo meu tinha certeza de que era amante cidão. estava tão convencido que o tal amante acabou virando uma entidade, entrou pro nosso inconsciente coletivo..." dito e feito. agora, quando vejo um cara assim bem macho, avançando seguro em meio à multidão, camisa aberta deixando ver o peito cabeludo e o correntão de ouro, já sei: lá vem o cidão.

mas

.........e além de tudo ele é mais novo que eu, um abismo, uma eternidade, logo agora que eu tô querendo uma relação estável, com um cara maduro, e ele tem nariz arrebitado, ai meu deus, qualquer um sabe que não dá pra confiar em um cara de nariz arrebitado, e ele é corintiano, puxa vida, são os que dão os piores foras, daquele tipo que some, sabe?, você ali, achando que tá tudo bem, e de repente o cara se manda sem nem dizer tchau, e ele é menor que eu, aí não dá, né?, eu querendo um cara forte, que me proteja, e arranjo um menor que eu, e ele não tem barriga da perna, quer dizer, tem, mas é fininha, sem forma, ai que tristeza, acho isso tão feio e.........
mas ele sabe o que quer.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

bê-a-bá

A me ensina que uma boa amizade não é questão de gênero. com B aprendo que andando a gente chega lá - e pode não ser um ponto fixo no universo, mas a gente tem que saber onde é. C me estimula a observar e escolher. D fala de leveza. E me lembra de que a vida é um privilégio. F me ensina que é importante domar a mim mesma. com G aprendo delicadeza - que é o oposto de fraqueza. H me ensinou bondade. I, perseverança. com J aprendo que cada um tem seu jeito. L me ensina a estar atenta, e a cultivar os amigos. com M aprendi o que é me apaixonar e que, depois de tudo, fica um gosto bom, de coisa vivida. P me lembra de confiar na intuição. R me ensina que honestidade pode ser uma pedra em cima da qual se constrói todo o resto. S me diz que a vida é perfeita, com tamanha convicção que não tenho como discordar: aprendo. T me ensina a viver com alegria. com V aprendi que trabalho é prazer. Z me ensina a experimentar, sempre. e eu vou aprendendo a amar.

sábado, 5 de dezembro de 2009

o homem, esse enigma

uma coisa que me intriga é a absurda memória que os homens têm para guardar certos tipos de informação.
tem cara que não sabe a tabuada do oito de cor, mas tem a tabela do campeonato brasileiro de todos os anos, desde 1978, na ponta da língua. sabe a escalação de todos os times, os técnicos, os placares. não duvido de que saiba também o nome do massagista. se bobear, ainda descreve lances ("lembra daquele gol que o time x fez no y, nas oitavas de final do campeonato carioca da segunda divisão, em 83? o fulano lançou o beltrano, que driblou o sicrano e encobriu o goleiro. uma pintura!"), como se declamasse poemas. como é que pode?
outros decoram diálogos inteiros de filmes. você tá lá na festa, não conhece ninguém muito bem mas veio um moço simpático puxar assunto e aí começa um papo sobre cinema. "assistiu x?", "vi sim, nossa, muito bom, né?", "é! adoro aquela parte que o fulano vira pro beltrano e diz blá blá blá e aí ele responde blá blá blá......" e eu, pobre desmemoriada que sou, fico pensando se, de fato, estamos falando do mesmo filme. porque, juro, não lembro absolutamente deste diálogo. pensando bem, lembro vagamente dos personagens que o rapaz cita, ali, com precisão. pode acontecer de eu lembrar de situações do filme, de cenas inteiras, possivelmente da música e do figurino. certamente das cores. mas dos diálogos? não, com certeza. e olha que sou uma aficcionada das palavras. o que fazer nessa hora? o moço interessante ali, e eu passando por doida, pois acabei de dizer que adorei o filme, e agora olho pra ele com cara de ué, do que você tá falando, cara? ai ai.
manifestei essa minha curiosidade para um amigo e ele respondeu que é só uma questão de interesse. será? eu me interesso por vários assuntos, mas não guardo um banco de dados enciclopédico nos meus neurônios sobre nenhum deles. sei o básico, aí junto com coisas que ouvi aqui e ali e consigo discorrer um pouco sobre o tema. e não conheço nenhuma mulher que fique citando diálogos inteiros de filmes ou saiba a tabela do campeonato de cor. isso sem falar no air guitar, aquela mania ridícula que alguns caras têm de ficar imitando guitarrista, como se estivessem no palco. ops. peraí, eu já fiz air guitar. no carro. é, o trânsito tava parado, começou a tocar summertime no rádio e eu não resisti, mandei ver. não contente em fazer air guitar, ainda dublei a janis joplin. e devo ter feito caretas. ai meu deus. será que o bonitinho do carro ao lado viu?

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

o futebol das terças-feiras

se não me falha a memória, foi freud que começou com essa história de que as mulheres têm inveja do pênis, mas eu não tenho não. acho que pênis é o tipo da coisa que ou você já nasce com ele acoplado, e vai aprendendo a manejar desde pequenininho, ou então é uma complicação sem fim. o que me mata de inveja é o futebol das terças-feiras - que pode ser, na verdade, qualquer atividade lúdico-social instituída, como fazer-um-som-com-os-amigos-às-segundas, ou o pôquer das quintas. os caras se organizam, dão um jeito na agenda, driblam chefes, domam namoradas, atravessam a cidade e chegam, impávidos, para encontrar os amigos e praticar seja lá o que for.
com mulher, isso nunca dá muito certo. difícil um futebol das terças feminino passar da primeira terça-feira. isso se não der wo. curto à beça ser mulher, adoro minhas amigas, mas é incrível como a gente larga facinho esse tipo de compromisso fortuito. meia hora antes do grande evento, começam os telefonemas: "não vai dar pra ir porque vou sair com o fred", "ixi, vou ter que terminar umas coisas aqui no escritório", "ai, menina, tô com uma megacólica" e por aí vai. e nem adianta tentar lembrar a amiga de que ontem mesmo ela estava jurando que não queria ver o fred - nunca mais, nem a pau - porque ele deu um chá de cadeira de duas horas nela. tinha ido jogar bola com os amigos.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

sotaque

dia desses eu estava no ônibus, empacada no trânsito da faria lima, bem ao lado de uma banca de jornais. da janelinha dava para ver bem os cartazes das revistas. o da playboy dominava, com a foto da moça da capa. eu estava muito mais interessada em escutar a conversa de dois rapazes que estavam sentados atrás de mim e comentavam vivamente os predicados da moça, quando um deles resumiu: gostosa!. só que tem um detalhe: o moço era carioca. esse gostosa saiu com um s com som de x, um o (o segundo) aberto e prolongado e riso na voz. ou seja, não deixou a menor dúvida: a mulher da capa da playboy, seja lá quem for, era muitíssimo gostosa!
desde esse dia passei a achar que gostosa é uma palavra que só deveria ser pronunciada por cariocas, e ponto final. com outros sotaques as coisas perdem o sabor.
por outro lado, ornar só orna mesmo se for falado aqui em são paulo. de preferência no interior, com os rr bem caprichados, cheios de voltinhas.
a urca é um caso à parte: toda vez que eu chego no rio e peço pro motorista do táxi: urca, por favor, me sinto a criatura mais paulistana do mundo. moóca, brás, bexiga, pari e belenzinho se unem na minha urca. mas, sendo eu paulistana da gema, como poderia dizer urrca, porr favorr? sem chance. então, assumo minha condição de turista. e, se bobear, emendo um meu, que calor, hein?! na sequência, só pra confirmar.
venha, minha linda é uma frase para ser dita ao pé do ouvido, com o moço fazendo cafuné no cangote. com sotaque pernambucano, evidente.
difícil vai ser conhecer um rapaz que more na urca, me chame com um venha, minha linda pernambucano, me elogie com um gostosa! carioca e, ainda por cima, orne comigo.

domingo, 29 de novembro de 2009

o feirante é o novo pedreiro

antigamente, era muito fácil resolver problema de auto-estima: era só passar na frente de uma obra. inevitavelmente ouvíamos galanteios que faziam qualquer moça se sentir melhor. (o problema era quando o galanteador em questão resolvia fazer umas onomatopéias obscenas e altamente constrangedoras.)
mas os tempos mudaram. hoje em dia, o foco é a produtividade. toda obra que se preze é fechada por tapumes e tem uma placa dizendo: "estamos há x dias sem acidentes". ok, acho ótimo que ninguém caia do andaime nem fique soterrado em um alicerce, mas, puxa vida, cadê aquele pedreiro amigo que ficava ali, displicentemente encostado no poste, olhando o movimento e elogiando as passantes? não existe mais. os pedreiros precisam cumprir metas, ora.
tudo parecia perdido quando um belo dia, enquanto esperava o sinal abrir, de camisa florida, pastel e garapa em punho, ouvi: "moça, esse jardim já tem jardineiro?" me virei, surpresa, e dei de cara com um feirante. quer dizer, feirante não, era o rei das panelas! (ou, pelo menos, era isso que dizia a placa pregada na sua barraca). não resisti e mandei: "tem sim". e ele: "hmm, moço de sorte!" e eu, sonsinha, só pra ver o que ele respondia: "ai moço, entendi mal. ixi, num tem não!" e ele, imperturbável: "nossa, mas como, com esses olhos e esse sorriso!". bem nessa hora o farol abriu. uma pena, tive que interromper o galanteio e ir cuidar da vida. nesse dia trabalhei mais feliz, me diverti contando a história, enfim, foi ótimo pra mim. e fiquei pensando se já existe algum curso de extensão universitária em paquera. porque, se existir, o rei das panelas deve ser professor.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

o triunfo da civilização

verde. esperava, em pé na calçada, quando vi aquele pitéu. ele não era estonteantemente bonito nem extremamente bem vestido, mas atraiu minha atenção na hora. deve ser os feromônios.
amarelo. ele não tinha aliança no anular da mão esquerda. nenhum anel, relógio, correntinha, nada. uma beleza. dei aquela conferida 360 graus (altura, porte, cabelo, tudo certo), enquanto tentava adivinhar o caminho que ele seguiria depois de atravessar a rua.
vermelho. eu fui pra um lado, ele pro outro, sem nem olhar pras bandas de cá. ainda olhei insistentemente, até o último momento. quem sabe ele sentia meu olhar perfurando sua nuca e se virava? então nossos olhares se cruzariam e... nadinha de nada, ele se foi e eu também. uma pena.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

manual para românticas incorrigíveis

pois é. li o tal manual, inteirinho, em uma livraria. peguei uma pilha de livros pra folhear, comecei por esse e não folheei mais nada, porque fiquei curiosa pra saber o que ia acontecer com a mocinha, no final das contas. bom, aconteceu o que eu já tinha previsto desde a página 11 (o livro tem 368) - e que obviamente não vou contar aqui, porque não sou corta-onda - mas eu simplesmente não consegui largar o livro.
dizem que sou racional e sensata, e talvez seja mesmo, mas, puxa, acho que eu também sou uma romântica incorrigível. outro dia, por exemplo, li um outro livro inteirinho na livraria e saí de lá arrasada, porque concluí que sou um fiasco nas artimanhas da conquista amorosa. os autores faziam afirmações categóricas do tipo faça isso, e ele estará no papo e eu ria e pensava ixi, não vai dar.
mas o manual das românticas incorrigíveis foi ótimo pra mim. é bom saber que a gente não está sozinha, ainda que seja na ficção. quando saí da livraria não tinha nenhum príncipe me esperando, mas encontrei um amigo, inesperadamente. conversa boa, um café, e percebi que não estou sozinha, nem na não-ficção. a vida é mesmo muito boa.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

a metamorfose (ou o processo)

meu avô tinha uma expressão sensacional para descrever pessoas com raciocínio tortuoso: "esse (ou essa) tem serpentina na cabeça". vovô se foi há muito tempo, mas sempre me lembro dele quando me vejo enredada em serpentinas - minhas ou alheias.
sonho com uma história de amor só de confetti (não é uma delícia?), mas as serpentinas vão aparecendo de mansinho, se enroscando, se enrolando, cor-de-rosa, verdinhas, e a coisa acaba dando nó. ou, tão triste quanto, vira um novelão. mexicano.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

tem sobrancelha sobrando?

o real madrid gastou uma nota preta para contratar cristiano ronaldo: 94 milhões de euros. nem vou comentar, já que não tenho a menor idéia do que faria com esse dinheiro caso ele me caísse nas mãos. também não entendo nem de futebol nem de cartolagem, para avaliar se é possível um jogador valer tudo isso. o que me dói é que o cara faz a sobrancelha. poxa, homem de sobrancelha depilada é de chorar! imagine se a moda pega? se a rapaziada, vendo como o cristiano ronaldo se deu bem, resolve aderir em massa a essa moda do mal?
teve gente que veio justificar: "veja bem, atleta depila mesmo, pra ficar mais aerodinâmico...". fico pensando em como sobrancelhas depiladas podem fazer com que alguém seja mais rápido em alguma coisa. e, nesses tempos em que todo mundo reclama de falta de tempo, talvez o melhor seja mesmo fazer as coisas mais devagar, com calma. quem sabe assim o relógio não se acalma também?

domingo, 26 de julho de 2009

default

não sei se o pessoal do projeto genoma já chegou a alguma conclusão, mas eu tenho certeza de que algumas frases vêm impressas no código genético masculino. provavelmente, no cromossomo y, que é aquele que faz dos homens, homens. durante um tempo, a frase default era: “olha, você é maravilhosa, mas eu não me apaixonei por você”. eu já estava ficando preocupada, achando que tinha alguma coisa muito grave comigo, quando percebi que não era nada pessoal: outras amigas ouviram a mesma frase, na mesma circunstância em que eu tinha ouvido – qual seja, quando um relacionamento começava a ir além de um cineminha ali e um jantarzinho acolá; ou, na minha modesta opinião, quando a coisa começa a ficar interessante. então concluí que era o jeito que os caras encontraram de dispensar a moça e fazer um agradinho ao mesmo tempo, pra ela não ficar triste. atenção, rapazes, não façam isso: só piora a situação. a gente acaba gastando saliva, tempo e dinheiro na terapia, pra tentar entender o que, afinal, aconteceu (quem, em sã consciência, não se apaixonaria por uma pessoa maravilhosa, caso topasse com uma?). no fim das contas não entendemos coisa nenhuma e aí nem dá pra comprar aquela roupinha nova (ou livro, ou cd) ou ir cortar o cabelo, porque a grana ya se fue na terapia. rejeitada e pobre, ô tristeza do jeca.
a mais recente descoberta sobre o assunto é que as frases default vão mudando. “olha, você é maravilhosa, mas eu não me apaixonei por você” datou. a frase da estação é “não discordo uma vírgula do que você disse. você é de uma incrível lucidez”. bom, não discorda, mas pelo jeito também não concorda, e tira o time de campo rapidinho. vai entender.
*
ops, que tucanagem é essa? peraí, a rapaziada está sofrendo de falta de criatividade aguda e generalizada e eu aqui, aliviando, botando a culpa na genética? ah, não vai dar, não mesmo. então, moço, por favor: pare com essa onda do fora globalizado! diga a cada mulher algo único, criado especialmente para ela, naquele momento. afinal, uma moça lúcida e maravilhosa merece. ou não?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Cuide de Você"

Tem quem diga que tudo não passou de uma farsa descaradamente arranjada, que tava combinado e que a carta de fim de namoro foi um mero ensaio literário.
Pra dizer a verdade, a mim nem interessa saber, porque o mais genial foi o que a escritora francesa, fotógrafa e artista conceitual Sophie Calle fez em seguida - e continua fazendo. Não só convidou as tais 107 mulheres a "interpretar a carta, analisá-la, comentá-la, cantá-la, esgotá-la e entendê-la em seu lugar", como montou uma exposição com tudo o que lhe trouxeram de volta (que pode ser visitada gratuitamente até setembro no Sesc Pompéia, em São Paulo) e não fosse isso tudo interessante o bastante, ainda abriu um canal no seu Blog para que qualquer um (sim, eu, você ou qualquer outro bem disposto) apareça, se expresse e responda - com textos, fotos, desenhos, o que for - à tal carta.
Agora diz aí, num é demais isso? Eu dei uma olhada, e tem todo o tipo de coisa, é verdade. Mas tem sim muitos textos bons. Nos destaques tem um, da Flavia Penido, que aproveita o ensejo e escreve pro seu próprio ex.
Muito bom. Faz a gente pensar... além de ter tudo a ver com o Cueca.
Très bien Sophie!

terça-feira, 14 de julho de 2009

trair é preciso?

Ser uma moça só não é difícil. Aliás tem muitas vantagens até. Mas tem uma hora em que a gente quer variar e resolve se abrir para o maravilhoso mundo do "começar de novo".
Ok. A partir daí você resolve dar aquela procurada sem compromisso, checando de leve como tá a área. Primeiro vai no ideal, na periferia das relações pessoais, afinal, melhor alguém que venha com um mínimo de indicação. Amigo do amigo, um primo da amiga, o ex da outra que já casou de novo... e no início é bem divertido. Você se arruma pra ir à festinha e vai: cheirosa, bonita e cheia de amor pra dar . E...
Olha, sinto dizer: em 97,6 % dos casos você volta pra casa defumada, desarrumada e com todo aquele amor guardadinho na bolsa - segundo pesquisas do Instituto Di Dário Marconato.
Impressionante... nada que preste! Tá, não quero ser injusta: Homem bom até que tem, mas ou tá reservado ou é feio demais ou tá só querendo se "divertir" - relação séria, longa, duradoura, ixi, dá coceira. Cara, que saco! Depois de uns meses tentando, começa aquela canseira. A gente apela pra sair na noite. Nossa senhora... aí esquece. Os moços não sabem fazer nada - note bem: nada mesmo - antes de pelo menos 3 cervejas ou 1 dose de whisky - e isso é especialmente irritante quando você não bebe.
Olha, como diz a minha amiga e companheira de blog, qui ixtrutura, viu?
Tá, quem sabe no trabalho? Não rola ninguém? Vixi, só se for fornecedor ou cliente... aqui só trabalha menina.
Bom, na escola de yoga, talvez? Puts, ashtanga? É duro viu! É cada um por si e os momentos de interação são tão curtos quanto raros. Não... melhor ter fé e voltar aos amigos e aos jantares de aniversário. Quem sabe uma hora rola.
Mas de repente, do nada, naquele passeio de domingo no parque com as crianças, bem no dia em que você foi desproduzida, descabelada e no modelito pijamão, aparece aquele parente distante, do sexo masculino, trazendo as suas crianças atachadas.
Daí chegamos ao meu tema da semana: o que fazer na hora em que aquele cara, esse aí mesmo, bacana, inteligente, bonito, divertido, culto, papo bom e ... compromissado até a tampa, literalmente chega junto?
Pensa bem? Pelo relato acima deu pra reparar que não tá muito fácil arrumar ômi bão... será então que esse é o destino de uma mulher sozinha que quer de novo virar mulher acompanhada? Abocanhar da outra - que tá lá, sentada no pudim, no conforto do seu relacionamento de X anos - o companheiro amado?
Tô pensando na resposta e me lembro de um filme - bem ruim por sinal - que assisti há muito tempo atrás, K-Pax, onde ouvi uma frase que valeu o programa. A certa altura da trama o protagonista diz: "Todo e qualquer ser do universo sabe discernir certo de errado". Concordo que essa frase tem um quê moralista, piegas até, mas pra tentar esclarecer, cito outra, que ouvi há mais tempo ainda de um médico obstetra, dos poucos parteiros que ainda se dão ao trabalho de esperar um bebê nascer. Dizia ele: "Conceitos de certo e errado não são tão relativos quanto as pessoas gostam de pensar. Acho que é assim: certo é aquilo que te evolui como ser humano, errado, o contrário."
Uhm... tá ficando um post muito filosófico. Melhor relaxar um pouco...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

vidão

"... o bem estar das galinhas é fundamental. elas pastam, ciscam e banham-se ao sol livremente. têm espaço, conforto, abrigo e uma rica alimentação à base de vegetais. as aves são acompanhadas por técnicos qualificados e a experiência de mais de 50 anos na produção de ovos garante a qualidade do produto."*
bicho, olha só o vidão dessas galinhas! certo, elas têm que botar ovos bacanas todos os dias, mas quem não tem responsabilidades nessa vida? de hoje em diante, vou mirar-me no exemplo delas. vou tomar sol todos os dias, me alimentar bem, viver confortavelmente. ah, e muito bem acompanhada, claro. nem precisa ter cinquenta anos de experiência, basta ser qualificado.

* texto extraído de embalagem de ovos

terça-feira, 30 de junho de 2009

dois pra lá, dois pra cá

quando eu aprendi a dançar forró era dois pra lá, dois pra cá, arrastando o pé, os pares bem encaixadinhos deslizando numa sala de reboco. era só a moça seguir seu par que dava tudo certo. se o par fosse ruim, dava pra tentar consertar. se não desse, não era grave: a música acabava, o descompasso também. coisa simples. agora, nossa senhora! é um tal de gira pra cá, gira pra lá, rebola, mexe no cabelo. haja concentração. e lá pelas tantas o cara solta a moça. como é que pode?! no meio do salão, no meio da música, vai cada um pro seu lado dar umas voltinhas, checar o ambiente...
comigo não tem essa não. tem que encaixar e ir, no ritmo, dançando junto, baile adentro, vida afora. e nem adianta vir com essas modernidades pro meu lado, que eu tenho cabelo curto.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

alimentar é preciso

Pois é... e já que é, não adianta reclamar. Dá preguiça, tem sempre um bocado de outras coisas na frente, mas não devemos desistir. O "Cueca" nasceu e foi a gente que quis, então boralá.

E por falar nisso, começo não com uma, mas duas perguntas, feitas antes de mim pela querida Camille, fonte inesgotável e frequente de inspiração musical e filosófica:

Qu'est-ce qu'il y'a dans le sac des filles / Qu'est-ce qu'il y'a dans la tête des hommes

legenda: O que tem na bolsa das mulheres? / O que tem na cabeça dos homens?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

experimentando

acho que o melhor da vida é estar em movimento. um dia aqui, outro ali. experimentando. eu, que nem bebo, outro dia fui na casa de um amigo que aprecia vinhos. ele entende do riscado e, animadíssimo, abriu uma garrafa. meu primeiro impulso foi seguir o hábito: dizer "obrigada", dar um jeito de servir meio golinho bem pequeno na minha taça e enrolar com aquilo até a hora de ir embora. só pra não fazer desfeita. mas, contagiada pela animação dele ("puxa, faz tempo que estou querendo experimentar este aqui, acho que vai ficar ótimo com o nosso rango!"), aceitei a bebida que ele me oferecia. quando vi, estava eu lá sentindo o aroma do vinho, saboreando, e fazendo comentários do tipo: "olha só, tem um cheirinho meio de fumaça, outro que lembra framboesa ou alguma dessas frutinhas azedas. esse vinho é forte mas não tem quinas, é aveludado" e por aí afora. eu achava que isso era coisa de quem entende à beça do assunto, vive provando vinhos e mais vinhos e estuda muito. e, pra dizer a verdade, achava uma coisa assim meio esnobe. nesse dia percebi que não é nada disso. é uma disposição que se pode ter, como em tudo na vida. naquele momento eu estava descobrindo várias coisas novas: sobre aromas, sobre sabores e sobre convivência.

cueca azul calcinha, a missão

ah, os homens! eu vivo cá com meus botões, tentando entender os caras (não sou só eu: conheço várias mulheres que também tentam. homens também. e tem aqueles que já desistiram, de ambos os sexos). é difícil, mas continuo tentando. e me divertindo, claro.
a cris tem o mesmo hobby (ou será uma espécie de loucura?). então, resolvemos compilar as bobagens que ouvimos (ou que nossas amigas ouvem, ou que inventamos um pouquinho) dos homens. daí o nome cueca azul calcinha. não tem nada a ver com yin yang, opostos complementares, nada disso. é um blog-denúncia! depois, pensando bem, a gente achou isso meio restrito. afinal, a gente ouve coisas bacanas também. e muitas bobagens, mas nem sempre elas vêm dos homens. o mundo é grande, e coisas interessantes rolam o tempo todo. se a gente prestar atenção nem precisa ver novela. é diversão garantida.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

conversa alheia

adoro ouvir conversa alheia. no boteco, na praia, em qualquer lugar. quando vejo já estou lá, prestando a maior atenção. hoje mesmo, na hora do almoço, tive que me segurar pra não dar palpite. duas moças, na mesa ao lado:
- nossa, carência é um perigo, né?
- é...
- então, sabe o beto? cê acredita que eu andei pensando em dar uns pegas nele?
- o beto? o ex da gi?
- pois é. a gente andou se falando pelo telefone, daí comecei a pensar... putz, mas não conta pra ninguém, porque ficar a fim de ficar com o beto é meio queima-filme, né? ele é tão feio! o pior é que eu nem lembro direito da cara dele. como é o cabelo mesmo? ele é meio torto, não é?
- bom, sei lá, ele não me atrai nem um pouco. mas cada um tem seu gosto... e quando vocês forem se encontrar você pode ir sem óculos.
- mas, e os dentes? são bons?
- hmm, não sei, nunca vi os dentes dele. mas devem ser. ele tem cara de quem escova depois de cada refeição!
nesse ponto as duas começaram a rir. e eu também. tentei disfarçar, mas não deu. sim, eu sei que se eu disser que "a culpa não foi minha, era inevitável ouvir a conversa com as mesas tão perto umas das outras" isso vai parecer desculpinha de viciada. mas eu juro: as mesas eram tão próximas que se o tal beto passasse por ali, eu ia conseguir ver bem o estado dos dentes dele. ia dar até pra sentir o hálito. e opinar, claro.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

1, 2, 3, testando

era pra ser uma banda: cueca azul calcinha, destinada a entreter multidões, com seu suingue e charme naturais. eu até gosto de cantar, mas duas vocalistas e nenhum instrumentista é uma formação, digamos, meio estranha. acabou virando um blog. a gente acabou concluindo, sabe-se lá como, que um blog poderia nos divertir tanto quanto uma banda, com a vantagem de não precisar ensaiar. mas por que um blog? há um bom tempo um amigo querido veio com esse papo de blog pra cima de mim: "cara, você tem que ter um, é a sua cara, patati patatá.....". primeiro eu perguntei o que era blog (eu nunca tinha ouvido falar) e na sequência respondi pra ele: "ué, por quê?" bom, ele tentou vários argumentos, e nenhum me convenceu inteiramente. mas quase sempre, quando a gente se encontrava, lá vinha ele com a história do blog. e depois dele, outras pessoas disseram a mesma coisa. e eu matutando. continuo achando que minha vida é bem normalzinha, que não tenho grandes aventuras pra contar aqui. mas quem disse que precisa?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Nasceu!!!

Ó, é assim:
Tinha vezes em que a gente falava: "meu, isso é muito bom, isso tinha que ir prum Blog", mas o caso é que a gente não tinha Blog.
Agora a gente tem! Êeeeeeeeee!